quinta-feira

Uma carta: oásis no nosso desespero

Este era o momento em que nos sentíamos vivos de novo, melhor este era os momento que nos faria continuar a viver até que se repetisse. Grande parte da nossa vida era vivida olhando os céus, esperando pelo ruído do avião do SPM, esperando as noticias dos nossos entes queridos. Como sempre lá estava uma carta tua Laurinda. A tua carta, a última que eu iria receber enquanto o outro Ramiro, o Ramiro completo. Sempre adorarei a intensidade desta foto. Estes eramos nós, isto eram os homens e um pequeno oásis no nosso desespero. Todos corríamos dali abríamos as cartas para ler e reler e voltar a ler e poder sonhar de novo, ler nas entrelinhas, ter a certeza que alguém nos esperava do outro lado e que isto teria um fim e que um dia iríamos compreender o sentido, ou talvez não….